Durante debate sobre a realização da Copa América no Brasil no programa Bem Amigos de Galvão Bueno, quando repórter Martín Fernandez informa que jogadores estão propensos a jogar, Casagrande já se mostra contrariado, porém, começa expondo mais ponderadamente sua opinião, de que os jogadores deveriam se negar a jogar a competição.
Em determinado momento Galvão Bueno interrompe a manifestação de Casagrande para salientar - "Quem tá falando é o Casagrande" - já percebendo que a situação se encaminhava para um ponto mais polêmico. Isso ocorre quando Casagrande começa a disparar os seguintes argumentos:
"... a segunda coisa, vou ver o lado do jogador, tá. Essa Copa América aqui no Brasil, ela caiu de paraquedas, a gente não tinha nada a ver com isso, se a Argentina não tá podendo fazer por causa das condições sanitária, nós menos ainda. Porque nós vamos chegar quase 500 mil mortos aí, não temos vacina, não temos nada. Se eles (Argentina) chegaram à conclusão que eles não tinham condições de realizar porque o Brasil foi se oferecer se é o pior país da América do Sul em relação a números de óbitos a contaminados."
E então Casagrande começa a se direcionar mais aos jogadores da Seleção Brasileira:
"E aí vou passar para o lado dos jogadores. Tudo bem, incomodou o Rogério Caboclo não fala nada para eles, beleza. Acusação de assédio sexual, pô, incomodou todo mundo, tudo bem. Sobrou para os jogadores uma entrevista, beleza. Mas em nenhum momento eles pensaram na condição do país, na condição sanitária do país? Isso não foi discutido em um momento!? Só foi discutida a posição do Caboclo, ele não avisou a gente, nós não sabemos de nada só ficamos sabendo pela imprensa, ou pela pelas redes sociais e por amigos, isso incomodou mas a situação do país em si não incomoda ninguém?!"
Nesse momento Galvão diz que o posicionamento dos jogadores será conhecido no manifesto que será apresentado após o jogo contra o Paraguai e ainda salienta - "Casa, a gente tem que saber o que as pessoas vão falar."- Então Casagrande dispara:
"Na minha opinião, manifesto serve para se ler, rasgar e jogar no lixo, atitude é que fica, a atitude fica pra história."
O debate segue com Casagrande continuando a reforçando sua opinião de que os jogadores deviam se negar a jogar a Copa América, fazendo oposição a que ela ocorra, porém, a discussão começa a esquentar quando Galvão e outros convidados do programa começam a apresentar suas divergências a Casagrande. Cleber Machado diz:
"Só ponderar que se faz essa oposição de modo A e de modo B, você têm várias maneiras de fazer..."
Após isso Galvão volta a destacar que se deve esperar o manifesto dos jogadores, mas Casagrande reitera que não se importa com esse manifesto, pois, segundo ele, o que vale são atitudes (a atitude de se negar a jogar, nesse caso), então Casagrande se põem dos jogadores da Seleção e diz o quê, na opinião dele, eles deviam falar:
"Nosso país tá ruim, lá na Argentina a gente ia jogar, aqui nós não podemos receber."
Galvão calmamente espera Casagrande fazer uma pausa para respirar e quando percebe a brecha, contrapõe:
"Eu entendo inteiramente à sua posição, eu só vejo também da seguinte forma, porque então jogar na Argentina se a gente tem lá também uma situação tão drástica?"
E a todo momento Cleber Machado fica dizendo "Sim", para demonstrar concordância com Galvão. Então Casagrande contra argumenta dizendo que a Copa América "ser lá" (Argentina), é um problema dos argentinos, que o governo deles não quis, então Casagrande questiona - " E quem levantou o braço para pegar?" - e alfineta respondendo a si mesmo - "O país que tem quase 500 mil pessoas mortas." - Galvão se mostra desconfortável com dados seguidamente martelados por Casagrande e começa informar:
"A pior situação da América do Sul, percentualmente, em número de mortos em relação à população, é a do Peru, pior que Brasil e que Argentina."
Então Casagrande já se demonstrando mais irritado, achando que Galvão está começando a construir um argumento para derrubar o seu, logo ataca:
"Tá bom, não vamos começar a arrumar caminhos pra passar pano no que está acontecendo."
E Galvão rebate:
"Ninguém quer arrumar caminhos, [mas] a gente tem que falar as coisas como de fato elas acontecem."
Então Casagrande se vitimiza:
"Ah, mas eu tô falando errado?"
E Galvão, para amenizar a discussão, responde que não, porém, para Casagrande isso não acalma seu ânimos e ele continua, então para encerrar a discussão Galvão aproveita uma pausa de Casagrande para dizer que respeita a Constituição e que esta foi uma manifestação da liberdade de expressão de Casagrande, ele fica um pouco intrigado, mas Galvão diz que tem que parar o assunto, pois tem que encerrar a participação do repórter para poder terminar o programa. Ocorreu mais um pouco de conversa e quando estava prestes a fechar o bloco, Galvão comenta que também tem a questão do dinheiro entrelaçado a Copa América, então Casagrande comenta que se é por dinheiro vão deixar acontecer mesmo, mas que ninguém pode querer reclamar depois, aí Cleber expõe sua opinião chegando a conclusão de que infelizmente o mundo é assim mesmo. Então Casagrande diz, em tom de provocação:
"Então a gente não pode reclamar, nós não podemos reclamar da vida, porque se a gente acha que é assim, então beleza, se é assim, é assim"
Nesse momento Galvão perde a paciência, até avisam no seu ponto eletrônico que ele deve chamar o intervalo comercial, mas ele se recusa e afirma:
"Não, não, não! Não é achar que é assim e ficar quieto que aqui ninguém ficou quieto!"
Então Casagrande percebe a situação e diz que está falando sobre o mundo do futebol e da Seleção.
A conversa volta para um clima mais amistoso e se estende mais um pouco até o fim do programa.
Em linhas gerais, foi o que ocorreu. Não foi reproduzido aqui tudo que foi dito na discussão desse tema, mas sim o que foi considerado mais importante.
Não é de hoje que Casagrande tem dado opiniões de forma mais acalorada em assuntos que tangem o governo Bolsonaro, geralmente embarcando nas questões da Pandemia para realizar suas críticas.
A Seleção Brasileira de futebol masculino joga hoje, terça-feira (08/06), contra a Seleção do Paraguai e após a partida é esperado um manifesto dos jogadores quanto a essa situação envolvendo a Copa América.
Redação Sem Travas Na Língua | 08/06/2021 05:24